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Então CompartilheNesta semana, estudaremos duas Parashiot: Matot e Massê. Muitas lições podemos tirar de ambas. Porém, faremos algumas considerações sobre a Parashat Matot. Nosso objetivo é focar em algumas informações para considerá-las dentro de sua relevância para os nossos dias e contando com a atenção do leitor.
Um fato importante é que essa parashá é sempre lida entre as Três Semanas – ben hametsarím – período do ano iniciado no dia 17 de Tamuz, no qual ocorreram incidentes muito tristes como a quebra das Tábuas dos 10 Mandamentos quando Moshé descia do Sinai, o rompimento das muralhas de Jerusalém, a cessação do Korban Tamid (Oferenda Diária), etc., e que culminou com a destruição do Primeiro Templo Sagrado pelos babilônios e a do Segundo Templo Sagrado pelos romanos em 9 de Av.
Qual o significado de Matot? Galhos ou tribos e a partir de sua significação, encontramos três tópicos abordados nessa parashá:
- Leis de Votos, Promessas Pessoais (Números 30:2-17), as quais, conforme o sábio espanhol Abraham Ibn Ezra, foram entregues após a batalha contra Midiã;
- Guerra contra Midian (Números 32:1-42), liderada por Pinechás, enviado como sacerdote ungido para essa batalha (Torá Viva, de Rabi Aryeh Kaplan, que traz a opinião de Rashi em nome do Talmud – Sotá 43a;
- Pedido tribal dos descendentes de Rubem e Gad para seu estabelecimento à margem direita do rio Jordão (Números 32:1-42), com a condição de que lutassem por seus demais irmãos na conquista da terra.
Leis de Votos, Promessas Pessoais
As mitsvot frisadas na Parashá são de natureza pactual com o que sai da nossa boca. Expressam não apenas meras palavras, mas se instauram como um contrato de compromisso que não deve ser violado: “lo ia’hêl devarô, kechol haitsê mipiv iaassê” (a pessoa não deve quebrar a sua palavra, de acordo com tudo que saiu da sua boca, ela deve fazer) – Números 30:3
Há uma expressão muito utilizada nos campos do saber científico e do Direito: “em toda regra, há exceção”. Na mitsvá positiva, quando se trata da anulação de um voto, a Torá mostra que se uma mulher está sob os cuidados do pai, fez um voto, mas seu pai a ouviu e discordou, ele pode anulá-lo, e não lhe será cobrada essa anulação. No mesmo sentido, uma noiva que fez um voto, mas seu noivo ouviu e discordou, ele também poderá anular o voto de sua noiva. Porém, se o pai e o marido ouviram o voto e ficaram calados, formalizou-se o contrato do voto e deve ser cumprido.
O Midrash, no comentário da Parashá, ressalta que quando formos realizar um compromisso verbal, devemos acrescentar a expressão “bli neder”, ou seja, “sem promessa”, evitando a criação de um empenho com a responsabilidade de voto. O Midrash também ensina como proceder para que seja feito uma anulação do voto: ela deve ser feita por um Beit Din ou por um Talmid Chacham. A Guemará, por sua vez, fornece o seguinte exemplo de anulação:
Certa vez, o Rav Mana, fez o seguinte voto, “Eu nunca beberei do vinho de meu pai”.
No entanto, o seu pai ao ficar ciente do ocorrido ficou muito triste em saber que o seu filho nunca mais iria apreciar seu vinho. O Rav Mana ao saber que seu pai havia se entristecido pelo voto que ele fizera se arrependeu por ter deixado o seu pai triste.
Então, o seu pai perguntou ao Rav: “Se você soubesse que eu teria ficado triste com sua promessa você ainda assim o teria feito o voto?
Rav Mana respondeu ao seu pai: “Não”.
Por sua vez, o pai do Rav declarou ao seu filho “Neste caso, você está livre dela [da promessa do voto]”. O seu pai era um Talmid chacham, ou seja, uma pessoa que conhece as leis sobre as promessas. Dessa forma, ele tinha permissão de liberar seu filho da obrigação de cumprir sua promessa, ao descobrir uma boa razão para anulá-la.
Sobre a relação do voto, cabe uma pergunta muito interessante: é desejável para uma pessoa fazer votos? Ela está relacionada ao passuk 3 do capítulo 30. A Mishná responde que os votos são uma “cerca” para abstinência, segundo Pirkê Avot 3:13.
Guerra Contra Midian
O Eterno diz a Moshe para ir contra Midian para vingar os filhos de Israel. Essa foi uma guerra na qual todas as tribos tiveram sua participação e um fato que chama a atenção é exatamente a tribo de Levi. Rashi, ao comentar o passuk 4 do capitlo 31, ensina que os levitas precisaram lutar a guerra contra Midian. De certa forma, fica difícil de entender esse comentário ao de Rambam, quando o rabino coloca que os levitas eram isentos de lutar, pois tinham sido separados para serem ministros do Eterno, qual seria a exceção para essa luta?
A resposta para essa pergunta está baseada em Likutei Sichot, vol. 28, p. 344; vol. 23, p. 210, no qual diz que quando Israel fora guerrear contra os canaanitas era para estabelecer o território do povo Judeu. Porém, quando foram guerrear com os midianitas, essa era uma ordem do Eterno para vingar-se pelo que eles fizeram com os filhos de Israel, em Shitim. Diante desse fato, o assunto não era considerado mundano e sim um ato de servir ao Eterno.
Pedido tribal de estabelecimento à margem direita do rio Jordão
Este fato tem muitas lições para serem analisadas, no entanto gostaria salientar um ponto no Livro Reflexões sobre a Torá, do Rabino MosheGrylak. Ao abrir seus comentários da parasha o título muito me chamou a atenção “ Amar o Dinheiro – No Exterior”.
Em sua percepção sobre este título ele mostra no Texto Sagrado Bamidbar 32:1-4, onde a palavra central para a justificativa para a permanência dos filhos de Rúben e os filhos de Gad, no lado antes de atravessar o Jordão, era “gado”. Eles possuíam muitos gados e era uma região mais propicia para a criação deles, situação está que eles não faziam questão de tomar posse nas terras prometida.
O Rabino Moshé Grylak, em seu livro “Reflexões sobre a Torá”, faz uma demonstração desse desejo e pedido dos filhos de Ruben e Gad, cujo entendimento fica mais fácil ao compararmos as duas sentenças a seguir:
“Chegaram-se a eles e disseram: Currais edificaremos para nosso gado aqui, e cidade para nossas crianças. ” Bamidbar 32:16.
Mas Moshe diz da seguinte forma, uma mudança simples, porém, de profundo significado: “Edificai cidades para vós e para vossas crianças, e currais para vosso gado”. Bamidbar 32:24.
Rashi faz a seguinte colocação:
“Preocupavam-se com seu capital mais do que com seus filhos e filhas, pois colocaram seu gado à frente de suas crianças. Disse-lhe Moshe: Assim não! façam o principal; o secundário, que continue secundário. Antes, construam cidades para suas crianças e depois cercas para o seu gado”.
No início de nossas considerações sobre esta Parashá, foi apresentada a questão de criar votos que podem ser uma cerca para o sagrado, e no final Rashi em seu comentário apresenta novamente uma cerca que os filhos de Rúben e Gad queria fazer para o gado.
Que em nossa jornada possamos saber escolher quais são os nossos votos e qual tipo de cerca faremos.
Shabat Shalom!
Davi Gonzalez
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